Essa semana vi no Facebook uma charge que me deixou mais do que fora do eixo, simplesmente porque por um lado ela denuncia corretamente o comportamento de certos defensores dos direitos dos animais que assumem uma postura anti-humanidade, mas que por outro lado revela a ação de certos observadores que enfocam demasiadamente esse tipo de atitude, tornando ainda mais difícil esse já penoso trabalho, que de modo algum limita-se a colher animais abandonados nas ruas, mas também de defender a vida como um todo e conscientizar as pessoas que a vida é preciosa e que por isso temos todos o direito de usufruí-la!
De coração eu não quero ver crianças sendo exploradas pelas ruas, nas plantações de cana-de-açúcar, nem sendo vítimas de violência doméstica, ou abuso sexual. Não posso ignorar também que isso acontece porque somos 7,5 bilhões de seres humanos nesse planeta, porque ajudamos os pobres a controlar as doenças dos filhos antes de educá-los sobre como criar essas crianças e antes mesmo de elaborar um estatuto de direitos infantis! Para vivermos aqui devastamos matas e extinguimos espécies... E para quê? Só para que pudéssemos ter celulares novos e tablets de última geração? Estabelecemos um sistema econômico predatório não só para a vida selvagem, mas para a própria humanidade. A exploração do trabalho infantil existe porque o sistema exige cada vez mais e mais produção. A pedofilia avança porque a égide capitalista incita a termos aquilo que podemos pagar, e porque a miséria e a fome fazem as pessoas cometerem absurdos! Sem falar que o sexo pelo sexo é um comportamento mais do que aceito, é estimulado! E todas as perversões são “fetiches” possíveis no futuro de um mundo que considera os limites de comportamento a imposição de uma moral retrógrada, e o politicamente correto “careta”... A questão é simples: o que os milhões de animais, selvagens e domésticos, que vivem neste planeta conosco têm a ver com nossa doença social?
Nessa charge, um enconro de incoerências.
Construímos casas, condomínios e campos de golfe para nosso lazer e conforto, e que se danem os ninhos dos animais, seus ciclos de acasalamento, e territórios de caça para alimentação!... Somos a espécie dominante, não é?... Não, não é a esse mundo e a essa humanidade que eu quero pertencer, e exerço meu direito de lutar pelo que acredito, e acredito num mundo onde os filhos dos homens e dos animas possam viver juntos sem violência e exploração. Creio que é possível um mundo em que as pessoas se questionem abertamente sobre o que é saudável para a convivência social. E que se criem sim leis e regras que impeçam o avanço no direito do outro, humano ou animal, de viver sem nenhum tipo de exploração, seja ela sexual, afetiva ou trabalhista. Defendo a criação de carga horária para o trabalho animal tanto quanto defendo o fim do trabalho para crianças. Enfim, eu amo e defendo a vida e amo a humanidade, mesmo quando vejo pessoas cegando gatos para vê-los girar sem noção, ou matando bois a pedradas, ou promovendo rinhas de galos e cães, ou perseguindo em caçadas com armas sofisticadas animais selvagens que dão um duro danado para sobreviver e procriar e, ainda assim, chamam a isso de esporte. Amo a humanidade porque faço parte dela e choro de desespero com tudo isso. Porque sei também que esse tipo de coisa horroriza a maioria das pessoas, e principalmente porque sei que há aqueles que lutam noite e dia para defender toda a vida inocente desta Terra, seja ela bebês focas, ou crianças maltrapilhas das vilas da Índia. Amo a humanidade porque sei que nos falta apenas alargar um pouco mais nossa concepção de vida e de justiça, e porque sei que isso é perfeitamente possível!